Desiludam-se os que pensarem que algum dia verão certos nomes neste canto da terra. Mas o nome de Coco Chanel não é um deles. A carteira de que tanto se fala - e que, diga-se, de publicidade não precisa - "costurei-a" eu para nos servir de postal nos 30 anos da minha melhor Amiga. É um símbolo de sofisticação e emancipação femininas e, como tudo na vida, também tem uma história. Adianto, aliás, e desde já que a gostava de ter oferecido em carne e osso, até pela graça da Carlinha partilhar com a Coco as iniciais do seu nome! Mas também gostava de ter uma, e tê-la seria bom sinal, uma vez que - digo sem hipocrisias nem falsos moralismos - não faz, efectivamente parte da minha lista de prioridades. No dia em que tiver uma Chanel outras coisas na vida não me faltam... Mas talvez já faça se me perguntarem quais os teus desejos de consumo - também, aqui, há que saber a pergunta. Mas adiante.
A carteira de que tanto se fala - esperando interpretar bem as palavras "clássica, preta, que dá com tudo" - dá pelo nome de 2'55, porque nasceu em Fevereiro de 1955 (o que me faz dizer à minha mãe por várias vezes que ela devia ter a 2'56...) e foi desenhada com o objectivo de libertar as mãos das mulheres, até à data sempre ocupadas com malas de mão, e, desta forma, contribuir para a igualdade dos sexos!
Tudo seria diferente se uma profissional da moda dissesse: gostava de ter esta carteira porque tem esta história. Eu sei. Eu sei. Mas a história não é assim. E já não há nada a fazer. Também não tem mal nenhum querer só por querer, razão igualmente válida e, obviamente, inquestionável.
É que o que mais me incomoda neste episódio, que apenas tem graça pela graça que é ver um País com tempo para o discutir, não tem nada a ver com nada do que se fala. A moda é fútil naquilo que a futilidade tem de útil nas nossas vidas, é uma indústria, dá trabalho, vende sonhos, gera dinheiro e fá-lo circular.
O que me incomoda é a leviandade com que, mais uma vez, se encara uma profissão (ou várias). Da ponta do cabelo à ponta do pé daquele video, tudo é amador, inclusive a retirada apressada de uma publicidade que tem de ter passado pelo crivo de alguém antes de ir para o ar.
Profissional tem de ser sinónimo de trabalho, conhecimento, esforço, brio. Não pode ser ser um "Caldo Knorr", sob pena de se desvirtuar aqueles que efectivamente se empenham.
É o mínimo!
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