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2012 aperfeiçoou-se como se algum poeta achasse que por fim eu merecia umas horas tecidas a poesia.
Tive sempre a sensação que a minha vida assenta em concidências, o que me dá um aperto e um conforto...
Mesmo no fim, do ano e de uma vida, há pontas que se atam...

A minha paixão pela arquitectura nasceu comigo: sou uma escrava de tudo o que é bonito desde tão cedo! Desde aquele banco da Parnaso quando ia para a escola. Que nunca resisti à admiração por quem constrói o mundo de forma concreta, palpável e que definitivamente o altera. Mais ainda porque nunca o poderia ter sido: às mil ideias que me passam pela cabeça junta-se a total inabilidade das minhas mãos.
Também nessa paixão assentou sempre a curiosidade: em saber correntes, características, nomes; fazer brilharetes ao identificar edifícios, nada me saber tão bem como as cidades e deslumbrar-me, ainda, com aquele arco de betão que tanto adoro e que me reside à porta e me une casas.

Casei com um Engenheiro Civil. A menos poética das artes da construção. Mas admirei-lhe o gosto pelas pontes, viadutos, estruturas, pelo betão... .

E depois?
Depois há o Pedro quando fala de Niemeyer. Há o Pedro no Rio de Janeiro com olhos de aprendiz perante a obra. Há o Pedro a mostrar-me o livro que vive nas prateleiras do arquitecto que o educou. Há o Pedro que uma vez me disse, quando elogiei as rectas: - sabes o que o Niemeyer disse?

"Não é o ângulo reto que me atrai
Nem a linha reta, dura e inflexível
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual
A curva que encontro nas montanhas
do meu país
No curso sinuoso de seus rios
...nas ondas do mar
nas nuvens do céu
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo.
O Universo curvo de Einstein".

... e assim se aproximou do meu mundo de poetas!


* só hoje porque só hoje vi o documentário "A vida é um sopro"; e me arrepiei, emocionei, quase chorei e cito:

"Eu acho que a vida é um minuto. O ser humano é completamente desprezado, nasce e morre. Então o sujeito tem que olhar pro céu e sentir que é pequenino, que tem que ser modesto, que nada é importante. A vida é um sopro, um minuto. Então não há razão pra esse ódio todo".

O minuto dele durou 104 anos. Vendo bem, foi pouco. Mas não é sempre pouco?

Ah! Se não nos virmos antes, Feliz Natal!





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