Mérito

mérito
s. m.s. m.

1. Merecimento.
2. Aptidão.
3. Superioridade.
4. Valor moral, intelectual.

Não sou de falar de política no blog. Não vou em arregimentações. Não gosto dos partidos que temos, embora entenda que a Democracia se faz de partidos. Não gosto dos políticos que temos. Não gosto do estado a que chegou o meu País. Aos meus amigos que me falam em emigrar normalmente digo: Vão! Porque noutros países provavelmente darão um melhor futuro aos filhos e a si próprios. A minha profissão liga-me a este e quero exercê-la; por isso fico por cá, por enquanto.

Sou católica. Aquando da escolha das leituras o meu Padre (que também é jornalista, crítico, Professor e um Humanista) disse-me: a palavra caridade, escolham-na! Mas nunca a confundam com caridadezinha...

Acredito nisso. Nisso acredito: Na doutrina cristã que conheço desde muito cedo: o amor ao próximo; a família; a entreajuda; a solidariedade.

Mas não me vendam mais nada. Não me vendam caridadezinhas; casas brancas pobrezinhas mas limpinhas. Sobretudo hasteadas por pessoas a quem nada nunca foi negado.

Os meus pais ensinaram-me que só pelo trabalho se chega ao que queremos; o que me deram foi o maior dos valores: a possibilidade de aceder à educação e à cultura, únicas formas de elevação de um Povo. E assim fui, de conquista em conquista, não negando o sucesso que veio do trabalho, do esforço e do brio nas duas palavras.

Outros terão dito: inscreve-te numa jota. muda de opinião mas não a fundamentes, ninguém quer saber... faz amigos nos sítios certos. arranja conhecimentos.

Outros terão pensado: ainda bem que o fiz.

Eu não fiz nada disso. A mim ninguém me disse nada disso. E é com toda a humildade que aceito o mérito que -  inesperadamente - me atribuem.

Das ideias às coisas que tenho: tudo é meu.

No meio duma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar, em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há mil e tantos anos,
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.

Guerra Junqueiro







Comentários

Bombokinha disse…
Orgulhosa de ti. Miles!