Até já*

Primeiro o Infantário. Depois a Primária. O 6.º ano, o 9.º, o 12.º... a Faculdade. Veio o Escritório. O CEJ. Vila do Conde e Matosinhos.

Quantas despedidas cabem numa vida?

Agora é Oliveira de Frades que fica para trás...

Em cada um dos passos, em cada terra... sempre as pessoas. Com estas e por estas que não esqueço porque não quero. Porque fizeram de mim a pessoa que eu sou - e quem me dera, sem falsa modéstia, possuir mesmo as qualidades que me atribuíram ontem e que me encheram o coração. Levo daqui o peso nos ombros de querer corresponder a todas as expectativas: dos meus pais, em primeiro e principal lugar, das pessoas - as das lágrimas, das palavras mal ditas, dos sorrisos e da esperança - e de todos os que se cruzam comigo no Trabalho...

Sou sincera quando digo que não houve um dia nestes dois anos que me tenha arrependido da escolha que fiz... não houve um dia, nestes dois anos, em que o motivo para não querer trabalhar fosse diferente da preguiça. Lutas jurídicas, convicções ou opiniões à parte, em todos os dias se fizeram relações de respeito e, assim, de amizade entre pessoas que trabalham para o mesmo.
Quando cheguei acreditava, e vou a acreditar, que se a Justiça for um trabalho de equipa a coisa vai, ligeira e escorreita, levando àqueles para quem trabalhamos a sensação de que ainda vale a pena.

Deixo à Míriam os "meus meninos" porque sei que os adultos se entendem...

E lá vou eu... outra vez e sem saber para onde, com os girassóis que a D. Glória me guardou para hoje e a paz de espírito do dever cumprido.

"Quando o amor se acabou E o meu corpo esqueceu O caminho onde andou Nos recantos do teu E o luar se apagou E a noite emudeceu O frio fundo do céu Foi descendo e ficou Mas a mágoa não mora mais em mim Já passou, desgastei, pra lá do fim É preciso partir, é o preço do amor Pra voltar a viver, já nem sinto sabor A suor e pavor, do teu colo a ferver Do teu sangue de flor, já não quero saber Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada O meu barco vazio, na madrugada Vou deixar-te no frio, da tua fala Na vertigem da voz, quando em fim se cala..."

|Márcia & J. P. Simões|*

* Porque a ouvi pela primeira vez neste gabinete e me afagou a alma.




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