amigos

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
 A. O'Neil

As vésperas de uma etapa, quando se pressente o fim da mesma, são sempre uma altura de balanço. Não mais terei 30 anos. E reconheço neste ano o mais difícil da minha vida. Não o mais trabalhoso. Não o mais cansativo. Não o mais chuvoso. Não o mais penoso. E não tem nada a ver com a crise. O mais difícil porque em cada dia quis que não fosse real. Que me acordassem e dissessem que era mentira. Que ia tudo voltar a ser como antes. E nada mais voltou a ser como antes. Inacreditavelmente coisas  houve que até se tornaram melhores. Mas o buraco, a cratera, a ferida num coração a escorrer sangue, essa só aos poucos se vai fechando. Certo é que a vida continuou. E quero-a contínua. Cheia de cor e riso e esperança no futuro. Sem que me abale a confiança de que é boa. Sem que me abale a confiança de que é minha. Já perdi outras pessoas. Sinto-lhes falta. Da idade adulta leva-se a impossibilidade de negar que já não voltam. Colam-se à pele as memórias de todos os que afaguei. Levo comigo mais despedidas que as que a minha vontade ordenaria. Levo comigo a pena que tenho em não ter expressado mais os sentimentos. Mas foi assim. Foi assim que foi. Como um poema que nunca passa do rascunho, até que alguém o publique sem sabermos e contra a nossa vontade...
Por isso, e mais uma vez, aos meus amigos. De quem não abro mão. A quem não nego nada. Por quem faço todas as figuras que me permitirem. A quem digo disparates só para os ouvir rir. Os que defendo acima de todos os erros. E fico. E amo. Ainda que com este feitio que às vezes atordoa... repito, porque sei o quanto a vida pesa: Aos meus amigos. Também porque do alto do livre arbítrio que me faz humana os meus amigos são um hino à liberdade que os entoa. A escolha, essa, não a sei motivada... mas quem precisa de motivos para amar?

Espero ter-vos amado sempre bem, porque nunca duvidem que vos amo muito

Comentários

Melancia disse…
Pois tenho a certeza que ninguém duvida ou questiona o quanto nos gostas! E este sábado será também por isso... porque nos gostamos, porque nos escolhemos sem saber bem porquê e fomos todos ficando porque nos sabia bem!
Parabéns Maf!
Ana disse…
O teu texto tem uma carga emocional tão grande, que tive dificuldade em escolher as palavras certas para o comentar.
Depois, e estou a ser absolutamente transparente, um receio de estar a invadir um espaço que não é meu, a responder a um texto que a mim não se dirige.
E depois tornei a pensar e decidi escrever-te.
Para que nada ficasse por dizer.
Porque há gestos de pessoas que nos são menos próximas e que nós recordamos para sempre, porque há afinidades que se criam, não propriamente por um convívio diário, mas por uma postura de vida, pela facilidade de falar de amor, de exaltar o que de melhor têm as relações...
E, porque poderia ter sido eu a escrever este texto, que diz tanto sobre o que és e sobre a extensão do amor, essa palavra tão lata, que está em tanto e em tão pouco,
sinto-o também um bocadinho meu, um bocadinho para mim.
Beijinho
Bombokinha disse…
♥♥♥♥♥♥ ********++