Vidas



Porque há os dias.

Aqueles em que vejo chorar, rir, transpirar, tremer de nervos, de medo, as duas mãos suadas em ataques mútuos, a esperança daqueles miúdos no que eu decida, o alívio de uma desistência, o fim de um casamento, um muro que cai outro que fica, uma terra que se ganha pela força do tempo, uma casa de onde se sai sem levar muito...
Porque há os dias. Em que o corpo suplica por descanso e a cabeça me diz: mafalda pára!
Há notícias tristes de uma economia falida, da ameaça nuclear e de um total desrespeito por estas vidas pequeninas, comezinhas e simples... dizem eles.
Mas escolhi a vida. Tratar de vidas. Ouvi-las e tentar fazer coisas por elas.
Não há ordenado cortado, prestígio borratado ou discurso da treta que melindre o gosto a que sabe a esperança que este trabalho leva a certas vidas...

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