22||02


|serão efeitos secundários da poesia|

às vezes, só às vezes, meio perdida ando eu de mim. medo dos sonhos. medo dos olhos. medo que a vida não seja só assim. temor que passe. terror que arrase. nervos em franja e tudo à flôr da pele. para que ao tempo, que dizem certo, se abra a luz e se rabisquem os papéis. que passe o frio. o calafrio e fique só a poesia do lugar: do ar da infância, do som do riso, da luz do mar, do teu sorriso, da cortina branca que embala o sol, do caracol que se enrola nos meus dedos, do aninhares-te tu nos meus enredos e no escorregar nos meus segredos no regresso eterno a ti.

À minha mãe.

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