Passaram 9 anos desde que os meus pequenos pés pisaram pela primeira vez a minha, ainda, pequena faculdade.
Era um terreno de sonhos e de esperança.
Ainda lembro muito bem o sol que estava. As folhas caídas a percorrer no mágico caminho do Campo Alegre. As boleias no dois cavalos do Tiago, que agora tenta chegar à China. As primeiras noites no Piolho. A água gelada da fonte. A voz rouca. O riso.
Um esforço novo para decorar nomes. As viagens feitas à velocidade de 2 autocarros. A felicidade quando me ofereciam boleia para Gaia. Os códigos novos, a cheirar a novo (alguns aqui à frente em cima da secretária...). Os livros velhos e rabiscados do meu pai.
Nessa altura ainda negociava as saídas à noite - uma festa por mês - ainda tinha que chegar a horas - ainda inventava momentos importantíssimos aos quais não poderia faltar nunca, sob pena de perder para sempre uma oportunidade qualquer de fazer qualquer coisa que nem eu sabia bem o que seria porque teria de lá estar para saber!
Nessa altura tinha carta mas não tinha carro. Tinha tempo mas não tinha dinheiro. Podia estar horas e horas sem fazer nada e chegar ao fim do dia cansada...
Ia mais ao cinema. Ia mais ao teatro. Mais tardes à Tavi apanhar sol. Mais vezes buscar bolos ao Augusto.
9 anos depois. Depois do dia em que a Amália morreu.
Balanços? Angústias? Desilusões? Dúvidas? Medos? Objectivos cumpridos?
Nada disso.
Saudade. Como, aliás, sempre disseram que ia ter.
Valem os nomes. Para sempre os nomes. Para sempre as lembranças.
Sobretudo daqueles que 9 anos depois não falham. Estão sempre. Em todas as fotos. Em todos os momentos. Em todos os Outubros. Em todos os Maios...
Disseram-me muitas vezes que os verdadeiros amigos estavam feitos... lá na infância. O que não me disseram é que a infância dura tanto...
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