Desde pequena me lembro de ter o vício estranho de tudo ser motivo para pedir um desejo. Não há rasto de avião a que resista. Não há estrela cadente que não me seduza. Não há palavra proferida ao mesmo tempo que sobreviva a um "preto, desejo é meu" , ao mesmo tempo que furiosamente persigo o que quer que seja dessa cor. E ainda as pestanas caídas e concorridas que após um cima/baixo dão direito a mais um desejo. E não foi preciso crescer muito para guardar sempre um desejo para pedir mais três. E para fazer de conta que as minhas pulseiras foram sempre atiradas ao mar na 7.ª onda. Aliás, não me lembro de não ter uma pulseira...
Já não tinha noite assim há algum tempo. Quente. Sossegada. Sozinha em casa. Na minha casa no meio da cidade, onde tenho a sorte de ver o céu inteiro e sentir o cheiro a mar.
Às vezes imagino que esta casa é um barco atracado em qualquer lugar que me apeteça. Desta varanda não se vê nada... apenas céu: de estrelas, aviões e mar de onde brotam todos os desejos.
Talvez porque está quente, porque pressinto o Verão, porque preciso de férias... veio-me à cabeça essa noite gelada de Dezembro junto ao mar, quando do céu cairam muitas estrelas.
Somos felizes porque sabemos o valor que cada estrela tem... xxx
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