Escreveu Fernando Assis Pacheco. Citou António Lobo Antunes. Repito Eu.
Podia pôr mil imagens de Lisboa à despedida. Com vista para o Tejo, certamente. Muito sol. Mas esta porta há-de ser sempre a minha porta na minha Lisboa. Porque aqui ficam segredos guardados desta fase suada, e bem vivida, com muito mimo...
Porque a minha Lisboa tem Amigos: no Adamastor, nos primeiros cafés no Chapitô, nos jantares do barracão, no mal-dizer no auditório, na segunda-feira chuvosa sem Daniela, nos almoços com as meninas à quarta-feira, no Pois!, na Outra Face da Lua, na Rua Augusta, na piscina.
Porque a minha Lisboa tem sorrisos: no mini-bus, no karaoke, na casa da Tita, nas compras!
Porque a minha Lisboa tem sabor: de gelado, de vegetariano, de chocolate quente, de sushi, de chá no Vertigo, de castanhas, de pastéis de Belém.
Porque foi partilha. Compasso. Música.
Kizomba no meio do Bairro. Noitadas no Lux.
Porque foi em grande. Brilhante. Bem-disposta.
Porque me fez partilhar este espaço tão pequeno... gigante!
A minha primeira casa.
A minha primeira casa foi a minha Lisboa.
A todos os que passaram esta porta...
Fado da Saudade
Nasce o dia na cidade
Que me encanta
Na minha velha Lisboa
De outra vida
E com o nó de saudade
Na garganta
Escuto um fado
Que se entoa à despedida
Foi nas tabernas de Alfama
Em hora triste
Que nasceu esta canção
O seu lamento
A memoria dos que vão
Tal como o vento
O olhar de quem se ama
E não desiste
Quando brilha a antiga chama
Ou sentimento
Oiço este mar que ressoa
Enquanto canta
E da Bica à Madragoa
No momento
Volta sempre esta ansiedade
Da partida
Nasce o dia na cidade
Que me encanta
Na minha velha Lisboa
De outra vida
Quem vive só do passado
Sem motivo
Fica preso a um destino
Que o invade
Mas na alma deste fado
Sempre vivo
Cresce um canto cristalino
Sem idade
É por isso que imagino
Em liberdade
Uma gaivota que voa renascida
E já nada me magoa ou desencanta
Nas ruas desta cidade amanhecida
Mas com o nó de saudade na garganta
Escuto um fado
Que se entoa à despedida...
(Fernando Pinto do Amaral)
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