Lisboa tem um vestido azul
feito de mar e guerra.
E cheira a laranjas maduras.
Quando as gaivotas trazem no bico
os primeiros pedaços de sol para
acender o dia, Lisboa deixa correr
os cabelos pelo Tejo e o Povo pelas ruas.
À mesma hora, a coragem agita no
sangue duas grandes asas inquietas.
Por todas as janelas destruídas, já
o mar entrou, derrubando acácias
cantando hinos de espuma.
E porque toda a coragem é necessária,
toda a esperança é legítima.
Joaquim Pessoa
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