Cabelo branco é... saudade

This is major tom to ground control I'm stepping through the door And Im floating in a most peculiar way And the stars look very different today...

Era uma vez, numa tarde de Verão, daquelas que só existem mesmo em terras mouriscas bem a Sul... e onde a minha mais que amiga Dani descobriu o meu 1.º cabelo branco.

Também uma vez numa aula de teatro o Professor Roberto Merino pediu-me que simulasse o aparecimento da minha 1.ª ruga... tinha eu nessa altura 18 anos e o o Professor disse-me que havia feito um retrato bastante realista. Ora, a descoberta do 1.º cabelo branco deveria dar resultado semelhante ao já fingido... nada disso. A sensação que tive não foi boa. Mas depois também não foi má. E depois foi nada. O dia-a-dia. O quotidiano. A coisa simples que acontece e pronto... como tantas outras.

Porém, fez-me pensar no tal fado : Amar demais, é doidice / Amar de menos, maldade / Rosto enrugado, é velhice / Cabelo branco é saudade...

E saudade, disse-me a minha avó, um dia, quando ainda não tinha tantas saudades dela: é um fiozinho apertado ao coração que às vezes alguém puxa e dói pouquinho...

O meu 1.º cabelo branco só me diz que esse fiozinho já foi puxado muitas vezes. Então eu fecho os olhos, sinto o cheiro ... e dói menos!

Comentários

marta disse…
Depois de uma avó com esse amor nas palavras, só podia haver uma neta com a tua ternura no olhar...
Sempre a derreter aqui a Miss M*
As coisas ditas/escritas por ti sabem sempre a aconchego, por muita que seja a dor ou o aperto. Ainda que o fiozinho esteja a ser puxado, sei que te vou ter por perto a anestesiar a dor.
Gosto de ti pa caraças e faltas-me sempre!
Vou-te por num porta-chaves... O que achas?
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